Fazer o que é certo e não o que é fácil

Nos primeiros anos após o descobrimento, o Brasil foi dividido em 15 territórios que foram entregues a nobres da confiança do rei de Portugal. E assim, começou a administração do poder no país: feita por poucas pessoas, donas de muitas terras, privilégios jurídicos e poder nas mãos.
Além do sistema latifundiário, herdamos do período colonial uma proximidade excessiva entre o público e o privado. "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei!". Essa "pessoalização" das relações tem forte relação com o que chamamos de jeitinho brasileiro.
A consequência disso, é que tendemos a naturalizar irregularidades e posturas aristocráticas, ao melhor estilo "você sabe com quem está falando?".
Temos um sentimento enraizado de que para tudo dá-se um jeito (e queremos que se ajeite de última hora!) e que sempre pode haver uma exceção.
Assim, com o perdão dos trocadilhos, fazer o que é certo e não o que é fácil, não é nada fácil no Brasil. Pior, ainda pode gerar estigmas! "Chato", "tolo" ou "exigente demais" para mim é ser ético. E ao contrário do que vemos sendo dito por ai, ser ético não é diferencial. Não é mais do que a obrigação de ninguém, mesmo que ninguém esteja olhando.
Laís Gonçalves é Advogada e Consultora em Direito Imobiliário em Juiz de Fora e atende online todo o Brasil.
